O trabalho da Fundação Pró-Cerrado (FPC) é inspirado pelo jovem e sua capacidade de transformação social. A Fundação Pró-Cerrado é uma organização que atua, há mais de 20 anos, na promoção da cidadania, em parceria com o poder público, a iniciativa privada e o terceiro setor. Sua história é marcada por ações de preservação ambiental, especialmente do bioma Cerrado, de formação de agentes ambientais, de capacitação e qualificação profissional de jovens, além do incentivo à formação de jovens empreendedores.
O JARDIM SECRETO
Em 1994, a Fundação Pró-Cerrado instalou-se no Parque da Criança, no Jardim Goiás, próximo ao Estádio Serra Dourada, em Goiânia, contribuindo para a revitalização ambiental e gestão compartilhada dos espaços públicos abandonados do parque. A paisagem, antes degradada desde a época da construção do estádio, sofreu algumas modificações bastante positivas e um pequeno bosque de árvores nativas do cerrado cresceu e encorpou-se próximo ao edifício.
Atualmente a Fundação executa um plano de trabalho baseado em diretrizes e estratégias estabelecidas para os próximos dez anos. Dentre essas ações está a ampliação e reforma de sua sede. Nesse sentido, a observação e leitura do lugar, a partir da análise atenta dos seus condicionantes específicos, possibilitou certo tipo de sensibilidade interpretativa, capaz de impregnar a paisagem de novos sentidos e significados.
O projeto se organiza a partir de um pátio central, que é a praça de estar. Esse pátio central pode ser entendido como um jardim secreto, um espaço capaz de estruturar todo o programa do edifício e surpreender quem dele se aproxima vindo da rua e é incapaz de percebê-lo no desenho da cidade. Nessa perspectiva, é o jardim que configura o edifício, ao construir uma trama delicada e sutil de relações, capazes de estabelecer conexões, não apenas com a história, mas, também, com todo o legado ambiental, social, espiritual e intelectual da Instituição que o abriga.
O PROGRAMA
O projeto foi dividido em duas partes, uma de caráter coletivo e outra, mais íntima, de caráter quase privado. O edifício existente abriga a parte pública do programa: o auditório e as salas de aula, responsáveis pela formação e treinamento de jovens empreendedores nas áreas da economia criativa, os espaços destinados às redes e mídias digitais, os escritórios coletivos (coworking) destinados à incubadora juvenil, o estúdio da TV Aprendiz, o café e a biblioteca.
O projeto estrutura-se como uma caixa de conhecimentos e realizações, aberta e transparente, revestida com membranas translúcidas: uma pele metálica de alumínio natural perfurado, e outra, de vidro, que reforçam sua identidade volumétrica. Essas membranas garantem a gradação da luz, tão necessária nos ambientes da aprendizagem e do computador. Uma arquibancada central é capaz de integrar todo o conjunto, conectar os pavimentos, aproximar as pessoas, possibilitar as interações. Partindo do princípio de que a educação é o conjunto dos hábitos adquiridos, os espaços internos foram pensados com a perspectiva de provocar atitudes, ações e comportamentos criativos. Nesse sentido, pretende-se estimular as redes e as conexões, partindo de estratégias pedagógicas pautadas por conteúdos flexíveis baseados na educação pela experiência.
Para abrigar a outra parte do programa foi proposto um novo edifício, conectado ao primeiro por passarelas, com o objetivo de abrigar a gestão e os escritórios da Fundação. Esse novo bloco tomou por premissa a iniciativa de se evitar os modelos únicos e impessoais que não proporcionam a necessária identidade entre os usuários e o lugar. Uma das prioridades foi valorizar e permitir a permeabilidade com o entorno, com o bosque e com o jardim secreto, a partir de um brise vertical, uma pele de tubos metálicos de diferentes diâmetros que possuem a tarefa de articular todo o conjunto e possibilitar a transição entre o espaço interior e exterior.
Os escritórios foram pensados como um sistema de módulos agenciados de maneira fragmentada, rizomática e quase independente, a partir da rotação das caixas de vidro que abrigam as distintas partes do setor administrativo. O agenciamento desses módulos em diferentes posições gerou diversas possibilidades de espaços intersticiais cobertos, lugares de encontros, percurso, experiência e circulação, conectando todo o conjunto.
O acesso principal convida as pessoas a adentrarem o edifício e surpreenderem-se com o inesperado. É o elemento de integração de todo o conjunto ao nível da rua, o eixo natural de conexão entre a cidade, o Parque da Criança, a praça de estar e o edifício.