O convite para projetar o CEPEC partiu de um grupo de professores de alguns dos cursos do Campus de Ciências Exatas e Tecnológicas da Universidade Estadual de Goiás, em Anápolis, onde também leciono, a fim de aproveitar recursos da FINEP, acrescidos de outros, provenientes da própria Universidade. O projeto consiste em um conjunto de pequenos laboratórios para iniciação científica, gabinetes para pesquisadores e um miniauditório para atender a alguns de seus programas de Stricto Sensu.
Desde o início, pensei em organizar os laboratórios como uma estrutura rizomática, perpendicular ao edifício principal do Campus, no contexto de uma paisagem ambígua, capaz de misturar atmosfera rural, edifícios universitários e resquícios do Cerrado em meio a um cenário industrial. O projeto foi pensado como um sistema aberto de caixas brancas e abstratas que pudessem ser agenciadas de inúmeras formas aleatórias, como partes fragmentadas e quase independentes de um todo. O agenciamento desses módulos em diferentes posições permitiu o surgimento de diversas possibilidades de espaços intersticiais, formando pátios, vazios e mirantes que ampliam a complexidade espacial do conjunto.
Formalmente, o edifício configura-se como um grupo de caixas levemente suspensas sobre uma plataforma de concreto aparente, quase a flutuar sobre um espelho d’água irregular. O agenciamento aleatório das caixas, por meio de repetição, justaposição e rotação, revela inspiração nas estruturas orgânicas que podem ser multiplicadas quase ao infinito, além de alusões aos diagramas, à biologia e à matemática. Espacialmente, a dinâmica das circulações descontínuas potencializa a experiência estética do percurso e da conexão programática, as perspectivas inusitadas, os descobrimentos, os reflexos na água, as surpresas visuais e os jogos de luz e sombra, capazes de qualificar o espaço interno com uma atmosfera peculiar, poética e emotiva.