O projeto para a sede do SEBRAE procurou resolver as questões propostas no edital do concurso, dando resposta ao cumprimento do programa de necessidades, ao conforto do ambiente, à tecnologia e à economia dos meios. Um edifício com certo “caráter tecnológico” no sentido de conectar a Instituição à contemporaneidade.
Implantação
Todo o edifício se organiza a partir de um pátio central, que é a praça de estar, o lugar dos fluxos e dos acontecimentos, das perspectivas e surpresas visuais, que recebe a parte pública e coletiva do programa, além de possuir a função de ligar o térreo com os demais pavimentos. O acesso principal se dá pela grande rampa diagonal que convida as pessoas a adentrarem o edifício, reforçando o seu caráter público. É o elemento de integração de todo o conjunto ao nível da rua, o eixo natural de conexão entre a cidade, a praça de estar e o edifício.
Conceito
Uma das grandes preocupações foi conferir uma dimensão urbana ao projeto e ao mesmo tempo atender às especificidades do lugar. O edifício é definido por dois volumes de formas elementares e puras, ângulos retos e precisos, rigor e contundência. Duas caixas que estabelecem contrastes, transparências e densidades, luzes e sombras. Uma caixa fechada e enterrada em relação à L-2 e outra caixa aberta e suspensa, separadas por um imenso espelho d’água. Um diálogo de oposições que é próprio da construção do saber, um convite às novas idéias, uma referência à arquitetura de Brasília.
Programa
Na caixa fechada acontece a parte pública do programa: o Centro de Formação e Treinamento e os restaurantes. Os escritórios e o Conselho Diretor localizam-se na caixa aberta e transparente, revestida com membranas translúcidas. Uma pele metálica de alumínio branco perfurado, e outra, de vidro perfurado e serigrafado, que reforçam a identidade volumétrica e a unidade com a caixa fechada, revestida de concreto aparente. Essas membranas garantem a graduação da luz, tão necessária nos ambientes do computador. Na cobertura, um espaço mirante revela o Paranoá. À noite o edifício se torna uma lanterna urbana.
Os escritórios foram agenciados a partir de uma idéia de flexibilização máxima do ambiente, haja vista que as novas tecnologias da informação têm modificado substancialmente a filosofia de organização desses espaços. Nesse sentido, os únicos espaços pré-definidos foram as salas de gerência e de reuniões.
Tecnologia
Os aspectos construtivos do edifício foram pensados a partir de um conceito de racionalidade e economia. A caixa aberta e suspensa foi resolvida a partir do uso de treliças metálicas que pousam sob o espelho d’água em apenas 8 pontos. Dessa forma foi possível vencer vãos de 60 m. O sistema de estabilização, travamento e contraventamento da estrutura acontece principalmente através das duas passarelas que ligam os escritórios e também através da caixa fechada do térreo, que é toda de concreto. Completando o sistema, optou-se pelo uso de lajes steel deck.
Boa parte das divisórias internas das áreas de trabalho serão de vidro. O desafio é manter a privacidade necessária nos ambientes sem perder a transparência. Neste sentido, hora o vidro é translúcido, hora é opaco, hora é reflexivo, hora possui imagens serigrafadas. O vidro permite a integração entre exterior e interior e a iluminação natural. A correta implantação do edifício e a utilização de brises garantem a ventilação natural e a redução do uso do ar condicionado.
Vale ressaltar que o projeto atende aos quesitos de economia e racionalização de energia. Foi enfatizada a reutilização de águas pluviais e servidas para determinados usos e para a irrigação.